quinta-feira, 19 de maio de 2022

Tokupapos: The Uncanny Counter (Caçadores de Demônios)

 

PERMANENTES, MOLETONS, E SOCO NA CARA!


 Olá povão louco! Tá com tudo esse blog, tamo cheio de matérias! E hoje vamos falar sobre uma baita série divertida! 
 A matéria NÃO TEM SPOILERS!

Direção: Yoo Seon-Dong e Park Bong-seop
Roteiros: Yeo Ji-na, Yoo Seon-Dong, e Kim Se-bom
Baseado no webtoon Amazing Rumor

 The Uncanny Counter (Caçadores de Demônios na versão brasileira), ou Gyeong-iroun Somun (경이로운 소문) na língua original, é uma série coreana de ação, mistério, e sobrenatural com toques de comédia, que foi ao ar entre novembro de 2020 e janeiro de 2021. Foi produzida pela OCN e está disponível na Netflix com áudio original em coreano e legendas em PT-BR, completo com 16 episódios que tem em média 60 minutos cada.

 A série acompanha os "counters", um grupo de caçadores de entidades sobrenaturais malignas, os demônios. Para realizar seu trabalho, cada counter conta com uma ligação com um espírito do Yung (o mundo espiritual), que concede capacidades físicas potencializadas e uma habilidade especial ao counter, que normalmente é um humano despertado de um coma (que acorda com um permanente maroto no cabelo). Durante uma caçada a um demônio extremamente poderoso, o grupo perde seu counter mais antigo e mais poderoso, Cheol-joong (Sung Ji-ru), e sua espírito guia Wi-gen (Moon Sook) parte imediatamente em busca de um novo candidato a counter. Eis que conhecemos o protagonista da série, o pacato So Mun (Jo Byeong-kyu), um jovem estudante que carrega um grande trauma e uma dolorosa lesão que limita o movimento de sua perna após ter perdido seus pais em um acidente de trânsito onde somente ele, ainda criança, sobreviveu. Uma misteriosa situação faz Wi-gen entrar em contato com So Mun, mesmo ele não estando em coma, e o rapaz recebe o convite para se tornar um counter, apesar de sua situação física debilitada. Ao desbravar o mundo sobrenatural, So Mun vai conhecer os counters do Restaurante da Eonni, vai descobrir que não foi escolhido por acaso, e que talvez a morte de seus pais não tenha sido um acidente...

A vida de So Mun não será mais a mesma após conhecer Wi-gen!

 Se você leu a premissa certamente sentiu um gostinho de Yu Yu Hakusho e Bleach. Toda a parada espiritual lembra bastante, até a questão de ter que estar em coma é parecido com a condição do Yusuke Urameshi. Mas Uncanny Counter vai por um lado mais focado em desenvolvimento de trama e interação dos personagens, as lutas são segundo plano, o soco na cara não é só físico hehehe. Inclusive, a questão sobrenatural não é 100% o ponto central, pois há muita coisa envolvendo investigação policial, com uma trama bem grande, envolvendo corrupção política e questões sociais. A série também aborda problemas causados por bullying (um dos pontos principais nos primeiros episódios), violência doméstica, e crime ambiental. Então os counters acabam ampliando seu trabalho para coisas inesperadas. Vale mencionar que que há uma dose de violência física e psicológica, o que justifica a classificação indicativa de 16 anos na Netflix.

 Por falar em counters, tudo envolvendo eles é muito legal, pois eles funcionam como "heróis anônimos" vestindo moletons vermelhos e às vezes máscaras (estilo as da pandemia), usando dispositivos para nublar câmeras, e poderes espirituais para apagar as memórias de quem se envolve em seus casos. Eles têm uma "vida de fachada" trabalhando no restaurante Macarrão da Eonni (Eonni's Noodles), quem tem os melhores noodles do bairro. E há toda uma explicação de onde vem os fundos para o restaurante, os equipamentos, e o meio de transporte. A questão do anonimato é uma imposição de Yung para os counters realizarem seus trabalhos, pois as pessoas normais não podem ter contato e conhecimento do sobrenatural, isso significa que os counters não podem usar suas habilidades contra pessoas comuns, ainda mais que eles são bem mais fortes que elas. Mas aí você lembra que foi mencionado anteriormente que eles se veem no meio de corrupção policial e política. Pois é, olha a treta se desenvolvendo aí! O que será que o Yung vai pensar de seus caçadores se envolvendo em questões humanas? Éééé...

Nossos queridos counters: Sra.Chu 🍲, So Mun 😇, Mo-tak 💪, e Ha-na 😍

 Apesar do So Mun ser o personagem principal carregando a bandeira do protagonismo, os demais ficam ali na beirada e são tão importantes quanto ele (em alguns momentos são até mais importantes). E eles também são a parte mais interessante da série, começando porque o elenco é show demais, show demais, mesmo. Os veteranos do So Mun são compostos pelo durão Ga Mo-tak (Yu jun-sang), um ex-policial que perdeu suas memórias após o coma, tem como habilidade especial uma força acima dos outros counters, e no Macarrão da Eonni ele é o auxiliar de cozinha e também ajuda a servir os clientes; A queridona Chu Mae-ok (Yeom Hye-ran), uma senhora que é a alma do grupo, possui a habilidade especial de cura, e é a responsável pelos deliciosos noodles do restaurante; E a mal-humorada Do Ha-na (Kim Sejeong), que além de não perder uma oportunidade de dar uns murros na vagabundagem (e às vezes nos aliados também 😝) tem poderes cognitivos que ajudam a localizar demônios e enxergar memórias e sentimentos, e no restaurante ela é a maître (tipo chefe de serviço), apesar de que ela parece mais inclinada a xingar os clientes do que servir alguma coisa, mas mesmo assim alguns clientes vão só para admirar sua beleza (ela realmente é linda). Administrando tudo isso está o Sr. Choi Jang-mul (Ahn Suk-hwan), que é um tipo de líder do grupo, que apesar de não participar do trabalho de campo é muito importante para os counters poderem continuar na luta e terem os meios para triunfar.

 Esse elenco certamente foi escolhido a dedo, pois a interação deles é simplesmente perfeita. A impressão que dá é que esses atores são tudo parte da mesma família, pois eles têm uma afinidade absurda. Fora que os personagens são ótimos e o elenco principal transborda carisma e talento, nos primeiros minutos que eles estão na tela você já está adorando eles e querendo vestir um moletom vermelho.

Aaai, se meu coração coreano já não estivesse nas mãos da Ji-eun...

 O desenvolvimento dos personagens e suas interações é magnífico, você vê como a convivência vai afetando eles, as emoções vão lá nas alturas, e os atores entregam no nível máximo. A gente se emociona, se revolta, e ri junto com eles. A única coisa que me deixou um pouquinho desapontado é que a história e o passado do So Mun e do Mo-tak são apresentados e desenvolvidos nos mínimos detalhes, enquanto com a Sra. Chu e a Ha-na isso não é muito bem explorado, inclusive alguns detalhes sobre elas são deixados nas entrelinhas, e cabe a cada espectador meio que deduzir sobre as histórias delas. Mas ainda bem que isso não atrapalha em nada a experiência e nem o apego pelos personagens, tanto que a Ha-na é minha favorita entre os counters (quem acompanha o ABB sabe que eu tenho um fraco por essas donas agressoras 😅), apesar de eu adorar todos! Mo-tak é foda demais, So Mun é gente boa demais, e Sra.Chu é um amor! Detalhe que a Yeom Hye-ran levou o prêmio de melhor atriz coadjuvante no prêmio Baeksang Arts Awards pelo papel de Sra.Chu 💖

So Mun sempre pode contar com seus amigos queridos!

 O elenco de apoio também funciona bem e tem carisma. Há o pessoal do Yung que é fundamental para a trama sobrenatural e para explicar vários detalhes sobre como esses poderes funcionam, e os puxões de orelha que eles dão nos counters rendem diálogos bem interessantes, fora que o ator Lee Chan-hyung e a atriz Kim So-ra vão balançar o coração da galera que gosta de gente bonitona. Há o pessoal da escola do Mun, com destaque para os melhores amigos dele, os nerds fofos Im Joo-yeon (Lee Ji-won) e Kim Woong-min (Kim Eun-soo), que são fundamentais para o desenvolvimento do Mun e nos aquecem o coração em vários momentos, e também nos deixam com o coração na mão nas cenas de bullying. Vale destacar os avós do Mun, interpretados por Ha Seok-gu e Jang Chun-ok, que são muito simpáticos, e a policial Kim Jeong-yeong (Choi Yoon-young), uma personagem que é original da série e não existe no webtoon, mas que desempenha um papel muito importante na trama (e ela é muito bonita 😊).
 Quanto aos vilões, prefiro não me aprofundar neles porque o legal é ir descobrindo eles ao longo da série. Mas é legal que tem todo tipo de vilão, dos mais podres até os cômicos. E vai por mim, você vai odiar alguns dos vilões, e muito. Alguns dos atores dos vilões exageram um pouco nas atuações e soam caricatos, mas no geral eles são muito bons, e o ator Lee Hong-nae tem um olhar muito profundo e cativante, até os outros atores elogiam isso nele.

A galera de Yung quase tem um treco com as tretas dos counters, e isso que eles são espírtios!

 O enredo se desenvolve muito bem ao longo dos 16 episódios, apesar de que algumas cenas se repetem várias vezes e isso incomoda um pouco. Acho que os núcleos de sobrenatural, bullying, corrupção, personagens, são bem distribuídos. É fato que o núcleo de corrupção e seu arco é o que ocupa mais espaço, mas é porque essas questões são mais complicadinhas mesmo, e precisam apresentar mais detalhes para fazer sentido. E a parte da corrupção também acaba "transbordando" nas outras, fazendo parte até mesmo das histórias os personagens principais, o que dá ainda mais motivo para ela ser tão frequente. Em certo momento você pode estranhar que as questões policias/políticas estão tão presentes e até mesmo se perguntar "Não era pra ser uma série de luta sobrenatural?", mas conforme as peças se encaixam você compreende que esse tempo de tela faz sentido, e há VÁRIAS peças que precisam se encaixar, não é uma história muito simples. Aliás, não vá assistir pensando que é uma série de "luta sobrenatural" pois ela não é isso, ela abrange muito mais coisa, como eu já havia mencionado, as lutas são segundo plano. 
 Há apenas um pequeno furo inofensivo no roteiro, envolvendo um dos personagens do núcleo do bullying, algo que botaram no forno, mas parece que esqueceram de ligar, e no final das contas ficou por isso mesmo 😝

 A produção é muito caprichada, com visuais marcantes e excelentes coreografias, nas quais os atores fazem boa parte da ação, instruídos por seus respectivos dublês. Os efeitos visuais funcionam bem, não é aquele "padrão de cinema" mas se encaixam bem nas cenas, agrada os olhos. Há apenas uma cena com efeito visual que eu achei realmente feia, em um dos últimos episódios o So Mun dá um salto que ficou bem ruinzinho e artificial.
 A trilha sonora é ótima, com uma música tema que é empolgante e viciante. Há poucas músicas cantadas, mas vale destacar uma muito bonita que é cantada pela própria Sejeong: Meet Again. A trilha completa está disponível no Spotify.

Heróis também tem que trabalhar, o restaurante não pode ficar parado!

 Fortes emoções permeiam Uncanny Counter, muitas levadas ao extremo. Você vai se revoltar com as corrupções e injustiças, ao ponto de querer surrar os causadores. Vai se empolgar nas lutas e nas cenas de triunfo dos heróis. Vai rir com as cenas de comédia que são muito pontuais. Vai se emocionar com os laços entre esses personagens e suas superações. Mesmo quem não chora assistindo coisas vai ficar balançado em alguns momentos, seja de empolgação ou tristeza, e digo por experiência própria, pois eu nem lembro quando chorei assistindo alguma coisa, e aqui cheguei perto, não tanto quanto o final de Hotel Del Luna, mas foi quase lá 😅

 A história tem começo meio e fim, é uma temporada completa e fechadinha. Curiosamente, confirmaram uma segunda temporada, que certamente vai vir com arcos completamente novos, já que os apresentados aqui se fecharam. Então pra quem não tem saco de ficar acompanhando temporadas, pode ir com tranquilidade que você vai ter uma experiência completa, e te garanto que é uma experiência maravilhosa! Se você ainda não tem um moletom vermelho, vai querer ter!

Os heróis também merecem uma pausa pro lanche!




 Antes que eu esqueça... pra quem curtir a série, recomendo fortemente que assista os bastidores no canal oficial da OCN no YouTube. Tem legendas em inglês e está dividido em episódios (a playlist está em ordem decrescente, comece pelo vídeo 14). Ver a alegria no set de filmagens e o quanto os atores estão se divertindo faz a série ficar ainda mais legal. E os vídeos são bem engraçados, a Sejeong e o Byeong-kyu são muito palhaços, e a galera tá sempre fazendo altas brincadeiras!



2 comentários:

  1. Vi os dois primeiros episódios e é altamente envolvente! Mais uma vez, conseguiram construir um mundo que tem suas regras próprias. Começa bem intrigante, ainda mais sabendo que pode não ter sido um acidente.

    Os personagens são muito legais. O protagonista, o Mun, é gente boa, cuidando da avó, que tem problemas cognitivos. O amigo dele mostrou caráter e me impressionou quando disse que tinha mais medo do Mun ser agredido do que ele mesmo. E a amiga é bonitinha. Gostei muito dela também.

    Claro que a Ha-na é estonteante! Como sempre a garota do time é a especialista em combate e talvez a mais forte. Era engraçado ver o Mun tentando derrubá-la no treinamento e levando bordoada. Pena que pelo visto não exploraram todo o potencial da história dela, que era bem vasto. Para saber pelo menos o que ela esconde.

    A Sra. Chu é a líder de fato e interessante ver como ela conduziu o Mun a se tornar um dos Counters. Ela é o cérebro, já que os outros dois vão mais na impaciência e na ignorância. Mo-tak já é bem o contrário, quebrando braços logo de cara. E foi um momento altamente catártico.

    Realmente a história parece ser o mais forte do que as lutas e efeitos especiais, embora elas sejam de alto nível. E vi que em várias vezes as coisas não são o que parecem ser e sempre precisa de uma investigação mais profunda para saber o que está acontecendo de verdade, como no primeiro caso do Mun. Também achei que era uma coisa, mas era outra.

    A crítica social parece ser bem forte. Especialmente com os abusos de poder de políticos, algo que chega até nas escolas. Mostra que isso é algo que tem em qualquer lugar do mundo. E aquelas faixas com campanhas acusando o prefeito, apesar de parecer que ele tem boa reputação com parte da população, são a prova de que tem algo por aí.

    Gostei também que os conceitos são bem planejados, especialmente dos "campos de batalha". No começo fiquei meio perdido, mas depois de ver as explicações ficou mais claro.

    Agora o problema vai ser se os Yung vão fazer vista grossa pro Mun depois dele ter feito "justiça social" em cima dos bullies. Mas pelo que entendi vai ter um monte de outras questões envolvendo as proibições. Então vai ser bem divertido. Vou ver se consigo ver o resto. Mais uma excelente indicação!

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    1. Grande Usys!

      A série já começa com tudo, os primeiros episódios são ótimos mesmo! O legal é que apesar de ter inspiração em Yu Yu Hakusho e Bleach, a série ainda tem sua própria cara, com esse mundo com suas próprias regras que você mencionou. O desenvolvimento do caso é de dar arrepios!

      O Mun é o anjinho dos avós, o cara é gente boa demais! Os amigos são muito queridos, e é por isso que dá uma baita revolta ver o Woong-min sofrendo tanto bullying. A Joo-yeon é uma gracinha, e a Lee Ji-won é uma atriz que está ganhando bastante espaço, isso que ela é bem novinha, então acho que ainda vamos ouvir falar muito sobre ela futuramente.

      Ha-na rouba muitos corações, mas claro que ela pisa em todos hehehe! Ela não é tão forte quanto o Mo-tak, mas é a mais agressiva, e tem umas lutas dela que são surpreendentes. O grande problema da história da Hana é que a revelação fica nas entrelinhas, e por isso o motivo do que aconteceu com a família dela acaba passando meio sem peso no final.

      A Sra. Chu tem uma baita empatia, e a gente sente que ela tem uma aura materna que faz ela ser adorável. E é fundamental ter alguém como ela no grupo pra manter a galera calma. O Mo-tak chega quebrando tudo, mas aos poucos mostra que é mais astuto do que parece, e a história dele é extremamente importante e envolvente, ele se torna um dos melhores personagens com o avanço da série.

      A parte legal da investigação é que ela mostra que não é só chegar e derrotar o demônio, até porque eles tem que dar um jeito de derrotar o inimigo sem matar, senão o hospedeiro morre junto, fora que o hospedeiro tem que pagar pelos crimes que fez como humano.

      Os atores comentam que uma das coisas que mais chamou a atenção deles foi a abordagem das questões humanitárias, que apesar da série ter os poderes e lutas os heróis não deixam de ser humanos, pelo contrário, isso faz eles irem ainda mais fundo em sua humanidade. Essa parte do prefeito dá umas revoltas fortes!

      Essa parte do poder do território como campo de batalha é uma surpresa bem legal, taí algo que eu até preferi deixar de fora da matéria pra não estragar pra quem assistir, pois é bem impactante.

      Essas proibições dão bastante pano pra manga ao longo da série, e dão certa aflição em alguns momentos, é uma das partes que mexe bastante com as emoções. Esse vale a pena acompanhar até o fim, principalmente porque a história fecha, com uma experiência completa. Os ninjas cortadores de cebolas aparecem com força no último episódio XD

      Wakanda Forever!

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